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20 de abril de 2020

“Ter que fazer tratamento em psiquiatra seria assinar atestado de que não deu conta dos problemas da vida, era incapaz, que jamais teria legitimidade para se colocar em certos debates, cargos e situações. Buscar essa especialidade seria sempre ser entendida como aquela pessoa que “não bate bem da cabeça” e não devemos dar muita credibilidade: é doida e fraca. Assim foi a educação recebida em casa e reforçada no convívio social. Essa visão destorcida e alguns outros fatores me fizeram evitar a busca de tratamento para depressão. Tal qual uma gripe mal curada o não enfrentamento de nossas doenças psíquicas, não compreensão que são de fato doenças e não meramente fraquezas comportamentais, geram problemas maiores e mais delicados de lidar – prolongam sofrimentos.  A depressão somou-se às crises de ansiedade e complicações culminaram em transtorno do pânico e agorafobia.  Quando percebi que me perdi de mim, somente no auge das crises, é que me senti na obrigação de buscar tal tratamento e auxílio adequado com especialista em psiquiatria e deixar de fazer consultas em outras especialidades. Com o despertar, o despojar desse preconceito e o objetivo de me curar percebi o quão desnecessário é se envergonhar de fazer tratamento. Percebi, paulatinamente, que fazer o tratamento não era uma derrota, mas, para além da necessidade era sabedoria e amor próprio.”